Em comunicado enviado à Lusa, salienta-se que a descoberta, ocorreu em abril de 2005 nas rochas cretácicas a norte de Luanda pelo paleontólogo Octávio Mateus(Na foto), da Universidade Nova de Lisboa e do Museu da Lourinhã, e o estudo contou com a participação de paleontólogos de Portugal, Estados Unidos, Angola e Holanda.
O achamento do crânio fóssil de tartaruga marinha de grandes dimensões ocorreu durante uma expedição da National Geographic, com o paleontólogo norte-americado Louis Jacobs, da Southern Methodist University, autor do livro 'Em busca dos dinossauros africanos'.
O projeto contou ainda com a colaboração da Universidade Agostinho Neto, de Angola.
Citado no comunicado enviado à Lusa, Miguel Telles Antunes, paleontólogo da Academia de Ciências de Lisboa, que integra a equipa, realçou que o achado «é sobremaneira interessante, quer pela qualidade do material encontrado, quer por se tratar de um grupo muito mal conhecido na região. O achado representa um grande passo em frente dos conhecimentos científicos».
A descoberta foi batizada Angolachelys mbaxi, em que o nome Angolachelys significa tartaruga de Angola, e mbaxi é a palavra em kimbundo, língua do noroeste de Angola, para tartaruga.
Segundo o estudo publicado numa revista científica da especialidade, liderado pela equipa portuguesa, reconhece a existência de um grupo distinto de tartarugas marinhas ao qual dá o nome de Angolachelonia.
Este tipo de tartarugas evoluiu no Atlântico norte e a Angolachelys é o primeiro fóssil descoberto deste grupo no hemisfério sul, após a abertura do Atlântico sul, há 100 milhões de anos.
A descoberta hoje anunciada sucede à do lagarto marinho Angolasaurus, feita na mesma área, em 1964, numa descrição de Miguel Telles Antunes, e sugere o Atlântico sul como um corredor de passagem para répteis, o que permite ajudar à «compreensão das migrações da fauna marinha com a abertura do Atlântico sul», lê-se no comunicado.
Tanto as tartarugas fósseis como as atuais, dividem-se em dois grandes grupos que se distinguem pela forma como recolhem o pescoço: para dentro da carapaça (criptodiras) ou dobrando-o para o lado (pleurodiras).
«Actualmente existem numerosas espécies dos dois grupos em África, mas o mesmo não ocorria há 90 milhões de anos, e a 'Angolachelys' é a mais antiga tartaruga criptodira de todo o continente», conclui o comunicado.
Fonte: Lusa / SOL
link: http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=161854